De acordo com dados organizados pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada-Infraestrutura – SINICON – o setor espera crescimento para 2019, apesar das dificuldades encontradas nos últimos anos na economia brasileira.
Esta expectativa é motivada pela projeção de novos empreendimentos previstos pelo Governo Federal ainda para este ano, com a concessão de obras de infraestrutura em diversas áreas, como, por exemplo, 10 terminais portuários, 12 aeroportos e o tramo central da Ferrovia Norte-Sul.
E até 2022, o planejamento do Ministério da Infraestrutura propõe investimentos de até R$ 150 bilhões em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, além estimular a ampliação e fortalecimento das parcerias com o setor privado.
Outro fator que aponta para a expectativa de crescimento do setor de Construção Pesada é o fato de que o Governo Federal pretende também, ao longo dos próximos anos, priorizar a manutenção da infraestrutura pública, concluir as obras mais próximas de estarem prontas e priorizar empreendimentos estratégicos para a competitividade e produtividade, tais como corredores de exportação, eixos de integração nacional e mobilidade urbana.
Além disso, outro dado que aponta para uma tendência de crescimento do setor é o aumento do investimento em infraestrutura pelos governos estaduais. Segundo o estudo, após 3 anos seguidos de redução no volume de investimentos, o ano passado apresentou crescimento nos valores, com gastos de R$ 43,9 bilhões contra R$ 36,5 bilhões em 2017.
Diante destes números, o crescimento esperado pelo SINICON para o ano de 2019 é de 0,7%, em comparação com o ano passado.
Dificuldades acumuladas
Apesar da perspectiva de crescimento para 2019, o setor da Construção Pesada acumulou nos últimos anos uma redução contínua de seu desempenho, motivado pela crise econômica que atinge o país desde 2015.
O volume de investimento no setor sofreu uma redução de 26,5% entre 2014 e 2018, e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) reduziu o crédito para a infraestrutura em cerca de 60% no mesmo período.
Devido a este quadro de crise, desde dezembro de 2014, o emprego na Construção acumula saldo negativo de 1,025 milhão de postos formais de emprego.
Outros números
O estudo do SINICON mostrou a importância do setor para a economia brasileira e o impacto que maiores investimentos em obras de infraestrutura podem causar no desenvolvimento do país.
Para cada R$1 milhão investido no setor, há a multiplicação de 1,4 vezes este valor para outros setores da cadeia produtiva, gerando 46 novas ocupações e mais de R$450 mil em salários, ao longo de um ano. E a riqueza produzida pela Construção Pesada acumulou o valor de R$ 280 bilhões em 2018.
A pesquisa apresentou também o perfil da mão-de-obra do setor, deixando claro, entre outras coisas, que os patrões pagam salários muito baixos aos trabalhadores da categoria:
- Aproximadamente 69% ganham entre 1 e 3 salários mínimos e 17% ganham entre 3 e 5 salários mínimos
- Cerca 91% são homens
- A maior parte dos trabalhadores com carteira assinada tem entre 30 a 39 anos
- Dos trabalhadores com carteira assinada, 45% não tem o ensino médio completo e apenas 7% tem superior completo